frágil
adj. 2 g. (lat fragile) 1. quebradiço 2. efêmero 3. fraco 4. sujeito a
delinquir 5.
sujeito a erros e culpas 6. que necessita de cuidados para se
conservar
Fragilidade é a baixa capacidade de um material se estender quando submetido
a uma força intensa. Ao contrário dos dúcteis como o nobre ouro, os materiais
frágeis possuem baixa resistência à força aplicada e não podem absorver a
energia contida na ação sem se romper, o que os impede de formar fortes fios e
correntes. Essa propriedade foi atribuída às mulheres como parte de um jogo
discursivo do patriarcado que afirma a entidade única Mulher como sujeito
secundário, aquela que precisa do Outro, no caso, o Um - o Homem - pra se
conservar.
O que vemos é um instrumento de manutenção de uma desigualdade que,
ao contrário de conservar, desmantela. A fragilidade delega às mulheres a baixa
capacidade de resistência à violência aplicada pela lógica insana da opressão
de gênero. O mito da eterna competição entre as mulheres delega a elas a baixa
capacidade de, diante dessa força que já chega enraizada, construir uma
corrente de fortes elos capaz de fornecer uma resposta bruta ao patriarcado. A
mudança exige um choque com o estabelecido que não pode ser alcançado de forma
alguma por um grupo frágil e o laço que é efêmero não promove cumplicidade suficiente
para a ação coletiva de contramão.
Por isso negamos a fragilidade.
Negamos porque, mesmo diante do discurso de que “o sexo frágil é
coisa do passado”, estamos sujeitas a forças que esperam de nós a fragilidade pra
que não se ultrapasse os limites do status
quo.
Negamos porque escolhemos resistir. Mais do
que rechaçar a força violenta aplicada sobre nós, escolhemos nos estender. Para
nos mantermos unidas, usamos nossa raiva e convertemos a energia da violência
em resistência e construção.
Negamos porque escolhemos produzir atrito
nas relações de gênero. A partir da desconstrução dos conceitos do patriarcado,
criamos reação e contra-ataque.
Negamos porque se estender em coletivo é harmonizar as partes de uma
corrente. Escolhemos formar fortes laços entre nós mulheres que rejeitem a
distância imposta entre nós pelo patriarcado.
Negamos porque
formar corrente é ampliar nossa vivência de amor e liberdade. Escolhemos converter
as correntes que nos reprimem em sinceros elos. Transformando energia, nossa
força se mantém na solidariedade, na cumplicidade e no companheirismo.
Negamos porque nossos corpos inscrevem
nossa extensão revolucionária e não estamos dispostas a abdicar de nossa autonomia
por uma lógica de controle e negativa vinda do poder.
Negaremos sempre a fragilidade oferecida
pelo patriarcado. Agiremos em rede ampliando
nossa prática e negando nos romper diante da investida do inimigo.
Resistiremos sempre pela extensão da nossa
vivência feminista e libertária!
Até que todas sejamos livres!